Além da circulação da obra inédita em espaços periféricos, o coletivo também oferece oficinas de confecção de absorventes sustentáveis e de contação de histórias para mulheres
Yentl, a menina que queria estudar. Foto: Rogério Alves
Além do conto-base que inspirou a contação de história e o diálogo com a dramaturgia musical criada para a obra, Dinah une na narrativa textos e poemas de artistas como Renata Stein, Adélia Prado, Meyer Kutchinsky, Rachel Kauder Nalebuff, Barbara Black Koltuv, Fatema Mernissi e Luiza Romão, buscando uma perspectiva contemporânea para a história de Yentl, mulher que finge ser um homem para realizar seu sonho de poder estudar.
Yentl, a menina que queria estudar dialoga com a pesquisa de Dinah sobre o universo feminino e o ciclo menstrual. Durante a pandemia, a artista realizou uma série de lives pelo Instagram nomeada Papo de Menarca, onde percebeu o grande interesse de mulheres de sua geração, mais próximas da menopausa, em falar a respeito de assuntos relacionados à menstruação.
Ao perceber a carência de acolhimento de muitas dessas mulheres para poder dialogar e refletir sobre assuntos tidos como tabu, como a própria menarca, papéis de gênero, feminilidade e sexualidade, a artista pensou em uma trilogia artística, que começa com essa contação de história. "Queria propor uma discussão sobre esse arquétipo da donzela guerreira, da mulher que se veste de homem para poder existir, já que sendo mulher, não era possível nada mais do que sobreviver", conta Dinah, complementando que a ideia do projeto é dar voz às questões latentes na sociedade e aos tabus. "O objetivo é trazer temas contemporâneos para a reflexão a partir da criação dos processos artísticos em diversas linguagens", conta. Futuramente, outras duas criações estão previstas: a performance VAZANTES e o espetáculo JOANA, A MULHER QUE VAZA.
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A tradição judaica é uma mistura de histórias contadas de boca a ouvido e o registro em livro dessas histórias narradas de geração em geração. Desde 2006, Dinah Feldman estuda e pesquisa a arte de narrar histórias e o protagonismo feminino. Ao longo da sua trajetória, ela vivenciou as histórias como fontes de conhecimento, cura, transmissão, aprendizado, auto-investigação e sabedoria. Não há uma divisão das histórias por faixa etária nas culturas tradicionais e cada pessoa apreende de uma narrativa algo para sua vida, naquele momento.
Em 2014, Dinah esteve na Colômbia com outros 21 contadores de histórias de diversos países da América Central e da América do Sul. Trocou experiências, viveu a riqueza das histórias do nosso continente e voltou com muitas ideias e, principalmente, com um enorme desejo de levar esse trabalho também para o público jovem e adulto.
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A artista também explica que inclui, no texto, questões extraídas de sua própria vivência. "Não é só a história do conto. É sobre como, em 2022, uma mulher judia enxerga essa narrativa e abre diálogos a respeito das situações ali expostas".
A ideia de circular com a obra por todas as regiões de São Paulo é uma estratégia para que mais pessoas tenham acesso a discussões que, por serem consideradas tabus, muitas vezes são deixadas de lado. A diretora Malú Bazán explica que a obra também vai chegar em cada espaço com as adaptações necessárias para as apresentações. "Queremos nos instalar em cada praça criando um diálogo com o local, com a arquitetura e o público. Para isso, nossos recursos de luz, cenário e figurino são simples e muito adaptáveis", conta.
A música de Yentl, a menina que queria estudar, é uma mistura de referências entre os gêneros musicais klezmer, balcan e trilhas de cinema, propondo um diálogo entre o texto/narração, o acordeom e o clarinete.
A visualidade propõe um corpo-instalação onde figurino e espaço possam se converter em uma síntese visual e plástica que ajuda a contar a história e evidencia o conceito principal da obra. Para além da dualidade entre feminino visceral e o masculino concreto, o figurino e cenário são compostos por poucos elementos que anunciam uma desconstrução de gênero - nem homem, nem mulher, mas sim o que se deseja ser. O triângulo como símbolo traduz a ideia das três possibilidades de performar gênero e está presente no espaço, nos casacos dos músicos e da intérprete.
Roupas de alfaiataria desconstruídas em tons de cinza são atravessadas por elementos na cor vermelho sangue, evidenciando a conversa entre essa mulher que decide vestir roupas masculinas para quebrar padrões estabelecidos e estudar, indo contra seu contexto cultural.
Sobre as oficinas
Dinah Feldman
A proposta da oficina de narração com o recorte temático das histórias de menarca - a primeira menstruação - é partir das histórias das participantes, apresentar a base da arte de contar histórias e chegar em uma história-presente para compartilhar com as próximas gerações. Um ritual contemporâneo de iniciação das futuras mulheres, a partir da experiência das que já percorreram o caminho, mas com pistas e chaves potentes que possam abrir as portas das dúvidas, confusões e desafios que serão enfrentados ao longo da jornada.
3 dias de duração | Para até 15 mulheres.
Inscrições através do link: https://forms.gle/
Oficina de Confecção de Absorventes Sustentáveis
Michele Carvalho, do Ateliê Pequenas Fofuras
O objetivo da oficina é ampliar as opções de insumos menstruais em áreas periféricas partindo da moda/design para repensar práticas e agir em prol da sustentabilidade.
2 dias de duração | Para até 10 pessoas
Inscrições através do link: https://forms.gle/
Sinopse
Yentl, a menina que queria estudar é uma contação de história para jovens e adultos, baseada no conto Yentl, o menino da Yeshiva, do escritor Isaac Bashevis Singer, em encontro com textos e poemas de artistas como Renata Stein, Adélia Prado, Meyer Kutchinsky, Rachel Kauder Nalebuff, Barbara Black Koltuv, Fatema Mernissi e Luiza Romão, buscando uma perspectiva contemporânea. Um trabalho lítero-musical que traz um recorte do universo feminino, tema tão amplo quanto complexo, através do diálogo entre a arte narrativa e a música.
Sobre Isaac Bashevis Singer
Ficha técnica
Direção Musical: Lucas Coimbra
Músicos em cena: Jefferson Bueno e Lucas Coimbra
Cenário e figurino: Éder Lopes
Foto e vídeo: Rogério Alves
Interpretação em LIBRAS: Juliana Gonçalves
Oficina Papo de Menarca: Dinah Feldman
Oficina de Confecção de absorvente sustentável: Michele Carvalho, do Ateliê Pequenas Fofuras
Direção de Produção: Mariana Novais - Ventania Cultural
Idealização e Realização: Dinah Feldman e coletivo Culturas em Movimento
Serviço
"Yentl, a menina que queria estudar"
- Dia 03 de julho, às 11h e às 17hCasa de Cultura do ButantãAv. Junta Mizumoto, 13 - Jardim Peri Peri, São Paulo - SP, 05537-070
- Dias 04 e 08 de julho, às 19hEspaço Cultural CITAR. Aroldo de Azevedo, 20 - Jardim Bom Refugio, São Paulo - SP, 05788-230
- Dia 09 de julho, às 17hMuseu Judaico de São PauloRua Martinho Prado, 128 - Bela Vista, São Paulo - SP, 01306-040
- Dia 10 de julho, às 17hSede da CTI - Teatro BaileR. Oti, 212 - Vila Ré, São Paulo - SP, 03657-050
- Dias 21 e 22 de julho, às 19hCentro Cultural da Juventude Ruth CardosoAv. Dep. Emílio Carlos, 3641 - Vila dos Andrades, São Paulo - SP, 02721-200
- Dia 29 de julho, às 15hBiblioteca Pública Hans Christian AndersenAv. Celso Garcia, 4142 - Tatuapé, São Paulo - SP, 03064-000
- Dias 29, 30/06 e 01/07, das 15h às 17hCasa de Cultura do ButantãAv. Junta Mizumoto, 13 - Jardim Peri Peri, São Paulo - SP, 05537-070
- Dias 04, 05 e 06 de julho, das 14h às 16hEspaço Cultural CITAR. Aroldo de Azevedo, 20 - Jardim Bom Refugio, São Paulo - SP, 05788-230
- Dias 20, 21 e 22 de julho, das 14h às 16hCentro Cultural da Juventude Ruth CardosoAv. Dep. Emílio Carlos, 3641 - Vila dos Andrades, São Paulo - SP, 02721-200
- Dias 27, 28 e 29 de julho, das 10h às 12hBiblioteca Pública Hans Christian AndersenAv. Celso Garcia, 4142 - Tatuapé, São Paulo - SP, 03064-000
- Dias 28 e 29 de junho, das 10h às 12hCasa de Cultura do ButantãAv. Junta Mizumoto, 13 - Jardim Peri Peri, São Paulo - SP, 05537-070
- Dias 30 de junho e 01 de julho, das 10h às 12hSede da CTI - Teatro BaileR. Oti, 212 - Vila Ré, São Paulo - SP, 03657-050
- Dias 07 e 08 de julho, das 13h às 15hEspaço Cultural CITAR. Aroldo de Azevedo, 20 - Jardim Bom Refugio, São Paulo - SP, 05788-230
- Dias 19 e 20 de julho, das 11h às 13hCentro Cultural da Juventude Ruth CardosoAv. Dep. Emílio Carlos, 3641 - Vila dos Andrades, São Paulo - SP, 02721-200
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