Obesidade infantil: crianças podem fazer exercícios físicos?


Foto Divulgação -  Lucas Serralheiro Cardoso
A doença que era motivo de preocupação apenas em adultos, agora já se tornou uma epidemia entre crianças e adolescente

O número de crianças e adolescentes obesos aumenta no mundo todo e o Brasil infelizmente não fica de fora dessa lista. Estima-se que 13% dos meninos e 10% das meninas com idade entre 5 a 19 anos sofrem com obesidade ou sobrepeso. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estão acima do peso.

A obesidade infantil é considerada uma das principais doenças em crianças até 12 anos no mundo, sendo caracterizada pelo excesso de gordura corporal. A OMS e o Imperial College alertam em estudo que possivelmente podemos ter mais crianças obesas no mundo do que abaixo do peso em 2022. Para 2025, a estimativa é que chegaremos a 75 milhões de crianças obesas no planeta. Além disso, estudos apontam que pessoas que tiveram obesidade enquanto crianças tem o dobro de chances de desenvolver fatores limitante para realizar tarefas simples aos 50 anos.

Um dos principais fatores que podem estar relacionados a esse aumento é a má alimentação. Boa parte dos alimentos das crianças consiste em itens processados e industrializados, o que aumenta consideravelmente o consumo energético, além de não possuir uma quantidade adequada de nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo.

Em paralelo a hábitos alimentares inadequados, houve uma mudança drástica no âmbito da tecnologia que afetou diretamente a rotina de exercícios das crianças. Brincadeiras que antigamente envolviam um gasto energético considerável, hoje são substituídas por celulares, vídeo games, e outras ferramentas que não demandam grande utilização do aparelho locomotor, resultando assim, em uma quantidade de calorias ingeridas muito superiores a quantidade que é gasta pela criança por meio do exercício, possibilitando um acumulo gradativo de gordura corporal.

Foto Divulgação - Felipe Mascarelo
Em decorrência da obesidade infantil, podemos associar doenças como hipertensão, diabetes, aumento do colesterol, gordura no fígado, doenças respiratórias e osteoarticulares, além da depressão e isolamento social. Estudos indicam que uma criança obesa tem 75% mais chance de ser um adolescente obeso, assim como um adolescente obeso tem 89% mais chance de se tornar um adulto obeso.  Sendo assim, além de todas as doenças associadas à obesidade infantil, problemas como infarto e AVC têm maiores chances de acontecer em adolescentes e adultos com esse histórico.

Como forma de prevenção e até mesmo tratamento é muito importante além da reeducação alimentar, a inclusão de exercícios físicos para auxiliar na perda gradativa de peso. O tratamento visa proporcionar um equilíbrio entre o consumo de calorias e o gasto proveniente das atividades realizadas diariamente. É muito importante que o planejamento de exercícios seja realizado com atividades que condizem com a idade da criança, possibilitando uma prática prazerosa e ao mesmo tempo eficiente para a perda de peso.

A inclusão de esportes como futebol, corrida, natação, lutas, vôlei, são muito interessantes, porque além de proporcionar uma rotina mais saudável e ativa, são considerados mais completos porque possibilitam também uma interação com outras crianças, além de desenvolver aspectos relacionados a cooperação, trabalho em equipe e até competitividade, importantes para a formação da criança.

No entanto, outras atividades simples como bicicleta, amarelinha, dança, esconde-esconde, pular corda, pega-pega, também já promovem bons resultados. O mais importante é trabalhar a ludicidade enquanto a atividade é realizada, proporcionando uma adesão mais consistente e bem-estar para a criança. 

Portanto, dentre as principais recomendações podemos citar:

Diminuição do consumo de alimentos calóricos, processados e industrializados;
Aumento do consumo de vegetais;
Diminuição da utilização de aparelhos eletrônicos e videogames;
Aumento da prática diária de exercícios;
Exercícios como caminhada, corrida, bicicleta, ou qualquer outro tipo de esporte inclusive musculação, não estão associados a qualquer tipo de lesão e pode ser introduzido durante 20 a 30 minutos, no mínimo três vezes por semana, com total segurança e de preferência com orientação profissional capacitada, tendo ligação direta com redução de riscos cardiovasculares, melhora no perfil lipídico, redução da gordura corporal e diminuição de sintomas de doenças respiratórias.
  
Autoria:
Lucas Cardoso, Educador Físico, Especialista em Prevenção de Lesões e Doenças Musculoesqueléticas e Felipe Mascarelo, Educador Físico, Especialista em Musculação e Condicionamento Físico – Sócios Fundadores da LF Performance, consultoria especializada em treinamentos online e semipresenciais.

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