A vez dos livros: reflexos positivos do Covid

A pandemia de Covid acabou nos enclausurando mais e restringindo alternativas de lazer: a literatura agradece


Foto: Divulgação.

Pesquisas mostram que a venda de livros no Brasil cresceu com a pandemia de Covid. É claro, as pessoas ficam mais em casa, às vezes sem ter o que fazer, ou oprimidas, sensíveis, abertas à reflexão e ao aprendizado. Isso, em um país em que, oficialmente, apenas metade da população não lê 1 livro por ano - basta investigar dados sobre o assunto.
Neste cenário literário animador - uma das poucas facetas positivas do Covid, em especial aumentou exponencialmente a venda e distribuição de livros eletrônicos (e-books), assim como de cursos, gratuitos ou pagos, totalmente online, o que tem facilitado e estimulado o acesso da população à cultura, ao aprendizado e à mera distração ou à diversão.

Se o alcoolismo e os problemas psiquiátricos cresceram - um dado triste - com a solidão, o medo e o enclausuramento, conforme apontam pesquisas (mais uma vez, investigue sobre o assunto para se certificar, só a venda de bebidas online aumentou quase 1.000%), ampliou-se o espaço vago para o preenchimento com a leitura: as pessoas estão comprando mais livros, eletrônicos ou físicos, notadamente pela Internet, e lendo mais livros. Nisso, vemos em paralelo a expansão da leitura de obras nacionais. Mais gente está escrevendo em nosso país, e coisas novas estão aparecendo.

Um respiro para a indústria editorial brasileira

É notório, caso você não saiba, o declínio que vem se arrastando sobre a indústria editorial brasileira. Livrarias conceituadas, como Cultura e Saraiva, estão fechando suas portas em vários pontos do país. Ao mesmo tempo, seguem as vendas em suas lojas online. Quanto a isso, impossível não mencionar o propício e implacável monopólio da Amazon na venda de livros, tanto e-books como físicos, tendo como carro-chefe preços acessíveis, vasto catálogo e o celebrado e baratíssimo plano Amazon Prime, que, além de descontos e frete grátis em vários artigos, como livros, oferece o combo de seriados, filmes, revistas etc.

Além disso, voltando ao tema do renascimento da literatura nacional, milhares de pessoas têm conseguido publicar por conta própria no Kindle Amazon, em e-book e impresso, divulgando com afinco suas obras - muitas bem avaliadas pelo público e best-sellers nacionais. Isso porque o acesso a grandes editoras no Brasil é bastante restrito - muito mais que em grandes mercados, como Estados Unidos e Europa. ]Aqui, ainda mais com a crise econômica agravada pelo Covid, é necessário ter um "lastro" para que uma editora aposte em você, na maioria dos casos: popularidade nas redes sociais, vendas prévias volumosas de publicação própria, ainda que no Instagram ou Facebook, obras conceituadas diante do público leitor, ou simplesmente ser uma celebridade. Se não souber escrever, basta contratar um ghost writer (esse é um dos meus trabalhos, escrever, em total sigilo contratual, livros para outros, vendendo-lhes os direitos: a escrita é realizada em conjunto entre contratante e escritor, e o grau de intervenção de cada um é estabelecido claramente em contrato).

Por que estamos lendo mais

Não é só pelo ócio que estamos lendo mais no Brasil. Pela "falta do que fazer". Hoje em dia, as alternativas são incontáveis - seriados têm sido mais assistidos, videogames, mais usados, mas os livros ganham destaque no panorama de "consequências da pandemia no Brasil".

Como disse, acredito que as pessoas estão realmente mais sensíveis, abertas a reflexões, aprendizagens, ou mera distração - a boa companhia dos livros, muito antiga na humanidade. Não importa o ecrã ou tela: smartphone, tablet, notebook, computador, ou se for livro físico - aquele que vem com o cheirinho bom, a textura, o tocar, possuir de fato, um ente "vivo e presente". Eu, por exemplo, durmo com meus livros ao lado do travesseiro, e os levo para onde vou, caso eu necessite de uma "pílula" de calma, alma, criatividade, reflexão ou distração. Leio vários ao mesmo tempo, cada um tem seu momento ditado por meu humor.

Acredito que estamos lendo mais como - sem receio de dizer - forma de fuga, e quem não quer fugir deste caos? Anaïs Nin, um talento imortal da literatura francesa libertária, já no começo do século XX proclamou: "Penso que se escreve para um mundo no qual se possa viver". O mesmo vale para a leitura. Ao ler, nos transportamos para lugares inimagináveis, e até mesmo para o mais fundo dentro de nós. Descobrimos faces nossas que não conhecíamos, novas visões de mundo, a vida como ela pode ser, se é que realmente não é, nua e crua, o sonho, a fantasia, a imaginação, ou a autoajuda.

Espero que a pandemia de Covid passe logo, com todas as suas cepas que parecem intermináveis - agora surgiu, além de em Manaus, outra em Goiás, além de no Reino Unido e na África do Sul. Seguem as teorias conspiratórias de vírus de laboratório e guerra biológica, além da questão da eficácia e segurança das vacinas. Mas espero, tanto quanto, que a "epidemia de leitura" tenha vindo para ficar. Não apenas como um hábito, mas como uma necessidade de aprendizagem, diversão, estremecimento ou queda de "muros internos" e mudanças na sociedade.

A frase é clichê, mas vale a pena sempre ser citada, supostamente atribuída a Caio Graco: "Livros não mudam o mundo; o que muda o mundo são as pessoas. Livros só mudam pessoas". É isso: as grandes crises são ótimas oportunidades para mudar pessoas com livros.

*Saiba como publicar, anunciar ou divulgar na próxima edição da revista Projeto AutoEstima, com dicas sobre saúde, beleza, gastronomia, estética, cultura, moda, maquiagem, esporte, literatura e bem estar.

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