Escrever: uma terapia para você!

  Parece-me que, na onda da tecnologia das redes, as pessoas estão escrevendo cada vez mais

É nítido: as pessoas estão escrevendo cada vez mais: nunca foi tão desnecessário "ter nascido com o dom de escrever", não há uma elite delimitada de "são escritores" - não apenas esse grupo restrito de ourives das palavras, reinando sobre a massa.

Escrever livros se democratizou, tanto quanto o acesso a livros, principalmente por meio de e-books, gratuitos ou não, e a Internet. O incentivo vem, em grande parte, das plataformas de interação entre escritores e leitores, como Skoob, Wattpad, Scribd, sem falar nas clássicas redes sociais que incentivam cada um a manifestar opiniões, enfim, a escrever - Facebook, Instagram, Pinterest e WhatsApp são as mais utilizadas, com o Telegram crescendo. Nesses aplicativos de conversa, pode-se criar grupos com interesses específicos, como "Apaixonados por livros", "Escritores", "Marketing", "Surfistas", ou empresas criam grupos de clientes para aumentar a identificação com estes e passar conteúdo relevante sobre certa área. 

Ainda escrevemos muito em "internetês", todas aquelas abreviações e neologismos, somos a Era da Imagem, da fugacidade, do dinamismo, mas estamos escrevendo mais. Gente que antes nunca imaginou escrever um livro, está publicando e divulgando na Amazon Kindle, gratuitamente, no WattPad, Scribd, nas redes sociais... Os escritores hoje não vivem em uma torre de marfim, eles são eu, você, a garota de dezesseis anos que sabe fazer a capa do livro como uma profissional, formatar o e-book, publicar na Internet, divulgá-lo como uma verdadeira marqueteira. 

Leitores = escritores

Eu, que convivo com vários leitores, como "oficialmente escritora" desde 2011 (e jornalista e ghost writer), vejo que a maioria dos leitores - ao menos os mais apaixonados - hoje são ao mesmo tempo escritores. E muitos têm seus livros devorados por milhares de pessoas na Internet, e até fora dela - onde é mais difícil divulgar, ainda mais com a pandemia de Covid. 

Toda esta situação auspiciosa tem outro lado: parece cada vez mais caro publicar em editoras, as maiores inacessíveis à "massa", apenas por indicação de agente literário ou por meio de um sucesso avassalador nas redes sociais, "abrindo caminho" para uma publicação barata ou gratuita rentável, com larga tiragem e investimento da editora no escritor. 

Entretanto, por mais que se possa perceber a Internet e o acesso a livros incentivando pessoas a ler e a escrever, oficialmente no Brasil metade da população não lê nem 1 livro por ano. Aí vem a falência das livrarias físicas e até digitais, de editoras, escritores quase sempre têm de ter uma profissão paralela no nosso país - não se vive de escrita, a não ser que você esteja no 1% ou menos de escritores brasileiros, residentes no Brasil, que consigam esse feito. 

Ser escritor no Brasil ainda é uma tarefa desprezada: "Ah, você é escritor? E trabalha em quê?". Uma vez, um amigo do meu pai comentou sobre mim ao saber que eu era escritora: "É uma profissão bonita, pena que não dá dinheiro", como se eu tivesse de ter uma atividade paralela. No Brasil, ele não deixa de ter razão na maioria dos casos. Bem diferente dos contextos de mercados editoriais gigantescos, população muito mais acostumada à leitura e mais culta em geral, como Estados Unidos, Canadá e a maior parte da Europa. 

Escrever como uma terapia

Em toda esta introdução, apontando coisas positivas e negativas em relação a escrever e ler no Brasil, não falei em como escrever pode ser uma terapia. Não apenas ler pode ser terapia, mas escrever. 

"Ah, não sei escrever." Qualquer um pode escrever, e, além disso, proliferam-se cursos de "como ser um bom escritor", mesmo em gêneros específicos: romance, terror e suspense, crônica, conto etc. Pode-se aperfeiçoar a arte de escrever, ninguém precisa ser Clarice Lispector ou Ernest Hemingway para começar, com vistas a vender sua obra ou não. Ou você pode escrever e depois repassar para uma(um) ghost writer revisar e aprimorar, sob total sigilo contratual. Muitas pessoas me procuram com um texto esboçado para uma "tutoria" de escrita ou reescrita, visando quase sempre a publicá-lo em livro, desde professores doutores até quem tem pouca instrução. 

O fato é que você pode escrever simplesmente para relaxar, talvez em forma de diário, seja online ou offline, ou criar histórias mirabolantes, contar sobre sua vida, suas ideias, escrever um livro tão bom como aquele que você amou, no mesmo estilo, escrever a qualquer hora, em qualquer lugar, postar em forma de imagem no Instagram, em textos no Facebook e no Medium, no Wattpad ou no Scribd, fazer um blog... Rabiscar um papel, um caderno, um bloquinho de notas... 

Você pode escrever qualquer coisa, mas, mesmo sem notar, sempre colocará para fora alguma coisa da sua essência: a melhor escrita tem sempre muita verdade interior, como me disse, em carta escrita à mão, timbrada, tradicionalíssima, o saudoso membro da Academia Brasileira de Letras Ivan Junqueira (in memoriam), referindo-se a meus livros enviados a ele.

Muita gente tem medo de escrever, ou acha bobagem, "coisa de quem não tem o que fazer" ou de "quem nasceu com o dom", e é verdade que alguns nascem com o dom de escrever, mas, com o hábito e a dedicação, todo mundo pode escrever bem, ou ao menos algo interessante, com verdade interior. Ter boa ortografia e um conteúdo que prenda o leitor. Falando em leitor, você pode escrever para um público específico ou não... sabe para quem vai escrever?

Enfim, para muitos a escrita nunca vai ser um hobby e muito menos uma profissão, uma tarefa levada a sério, visto que não se interessam por isso. Apenas leem, outros, nem isso - lembrando que ler é um ato benéfico para todo mundo! 

Agora, escrever, para mim e milhares de pessoas, é arrebatador! Tem uma frase no meu site pessoal que me guia sempre: "Acredito que ler livros pode ser uma forma de salvar vidas", direta ou indiretamente. A sua e a de quem cerca você. Esse salvamento vale para o ato de escrever. 
Citando Anaïs Nin (pronuncia-se "Anaí") - ela escrevia diários, publicados com todas as suas exóticas intimidades: "Penso que se escreve para um mundo no qual se possa viver". Já tentou? 

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