Fonte: Divulgação
Sempre me senti só... Mas, nos raros momentos em que não me senti só, vivi como ninguém!
Hoje é confissão. Memórias. Labirintos.
Solidão é como árvores gárgulas corcundas crescendo dentro de um pequeno vaso de flores.
E assim a solidão são estas árvores cinzentas como a luz do
sol oblíqua que as incita. Machuca enquanto crescem, sem caber, pinicando
quando bondosas, arrombando quando honestas, a crueldade de se meter em um
lugar que esperava e comportava apenas algumas flores em tons amáveis, mas
aparecem essas árvores-daninhas que – quem as sabe cortar? Com quê? Sem ferir o
que está ao redor, o invólucro, útero do coração de uma mulher.
Galhos espessos, invasivos, rostos monstruosos nos caules,
cabelos de folhas desgrenhados, devastadores, picantes, no sentido de ferir,
árvores milenares cujas sementes aguardam sempre desde lá da infância, da
adolescência, do se tornar adulto sem ter se encontrado na vida, dos pais que
foram injustos, ausentes, e nos fizeram à sua imagem e semelhança, do não
entender a vida implacável, tão boa com uns, tão inexorável com outros, não há
explicação por mais que se tente, ou melhor, poucas vezes há explicação –
aquele que era bom e se tornou mau diante das agruras e perdas, aquele que
sempre foi mau e não sofreu o que merecia, talvez nunca sofra, aquele que
sempre foi bom, mesmo sendo escorraçado e confundido com aqueles maus que
apontavam seus dedos sujos de sangue, inveja, cobiça, crueldade pura.
Mas eu falava das árvores enormes que crescem no vasinho, o
vasinho do peito da gente, não falo da caixa torácica, é tudo metáfora,
invisível, e o invisível tem tamanho, como tem uma alma, um gesto, um
sentimento, principalmente um sentimento...
Ai como doem estas árvores milenares que crescem tão rápido
quanto passa o tempo, e não sei como as podar, sei lá, arrancá-las pelas
grossas raízes e substituí-las por... flores? Ou apenas borboletas? Ao menos o
nada que é a paz, embora insípida, talvez um descanso, porque nada mais às
vezes há que o descanso...
Eu que adoro árvores e bosques, pássaros e nuvens, mas estas
árvores são agressivas como as das Florestas Negras e não quero ser Floresta
Negra da Solidão.
Sempre me senti só... Mas, nos raros momentos em que não me
senti só, vivi como ninguém! Essa é minha fé e convicção – suportar as árvores
negras e às vezes viver, e esperar que tombem como gigantes, e que, mesmo do
vazio, renasça alguma coisa que eu possa chamar de “eu mesma”, eu que nunca
fui, eu que ainda planto girassóis nas noites mais escuras, molhando-as com
lágrimas que ninguém vê, nem eu mesma vejo, regando-as com dor, que da dor
nascem coisas bonitas.
E tenho de aceitar que o destino dos que sonham muito e grande
é serem sós – não se faz isso neste mundo onde também não cabem todas as
solidões com suas florestas negras, e o tempo devora almas, e as pessoas se
devoram no canibalismo do ódio.
Mas me ocorre uma ideia: vamos sobreviver e criar coisas
bonitas, ainda que tristes, que o sorriso triste é muito mais lindo que o
pranto desesperado, e eu sei que é bem mais difícil de aparecer.
Eu sou jardineira de mim – me diga que é verdade, só não sei ainda ser.
Aprende comigo?
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