Objetos controversos como o Mapa de Piri Reis e o helicóptero de Abydos fazem de "Uma Ponte para Istambul" uma enciclopédia histórica em meio a um romance sobre a busca da identidade
O Mapa de Piri Reis é um dos enigmas do mundo real transplantados para a ficção Uma Ponte para Istambul. O romance da escritora Maria Filomena Bouissou Lepecki tem o enredo entrelaçado a este e outros quatro objetos arqueológicos: o helicóptero de Abydos, do Egito; o aeroplano de Saqara, que se encontra no Museu do Cairo; as baterias de Bagdá; e a moeda fenícia com um possível mapa mundi microscópico disfarçado de grama sob as patas do cavalo.
Estes Ooparst - Out of place (and time) artifacts - ajudam a contar a trajetória de Catarina, ou Arzu, uma jovem professora de História do Brasil que viaja para Istambul à procura das próprias origens. Ao confrontar sua metade turca em um palácio Otomano do século XIX, ela experimenta uma aventura insólita que a transporta no tempo.
A cozinha do palácio me pareceu muito estranha. Contei oito mesas. Nas seis mais próximas, cortavam peixes e descascavam vegetais. Nas duas últimas, misturavam leite, frutas secas e especiarias. Grandes baldes de água eram constantemente esvaziados e repostos em uma espécie de pia de pedra na parede do fundo, onde uma grande quantidade de copos e bandejas redondas de metal dourado estavam sendo lavados. Não vi eletrodomésticos, apenas fumaça saindo de grandes caldeirões e paredes enegrecidas pelo fogo. Mais para o canto, havia uma pilha alta de lenha cortada, que chegava quase até o teto. Alguma coisa estava errada. (Uma Ponte para Istambul, p. 13)
Concomitante à experiência de conhecer a vida no harém dos sultões, a protagonista intercala relatos que transportam o leitor para o Brasil, mais especificamente a Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Objetos e cheiros ativam as memórias de Arzu sobre a zona sul da cidade, onde a professora lecionava para adolescentes em um colégio particular, a duas quadras do mar.
Não por coincidência, Ipanema foi um dos endereços da escritora Maria Filomena Bouissou Lepecki. Nascida em Cuiabá, morou ainda em Brasília, Recife e Vinhedo, no interior paulista. Foi nesta cidade que escreveu sua primeira ficção, “Cunhataí – um romance da Guerra do Paraguai”, obra vencedora de três prêmios e que rendeu outras três teses acadêmicas.
A autora revelação 2003 pela FNLIJ - Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - viveu também na Malásia e África do Sul. Por lá e no Oriente, realizou pesquisas in loco já em busca de uma perspectiva literária. Foi assim que aprendeu noções de zulu, bahasa malaio, alemão e francês, além de falar inglês e espanhol. Médica por formação, abraçou oficialmente a carreira literária.
Ficha técnica
Título: Uma Ponte para Istambul
Autora: Maria Filomena Bouissou Lepecki
ISBN: 978-65-5899-175-5
Páginas: 208
Formato: 16x23cm
Preço: R$ 19,00
Link de venda: Amazon
Sinopse: Arzu
é uma jovem professora de História do Brasil, que viaja para Istambul à
procura de suas origens. Ao confrontar sua metade turca em um palácio
Otomano do século XIX, experimenta uma aventura insólita que a
transporta no tempo. Uma adaptação difícil e a sobrevivência exigem toda
a sua atenção, porém são os mistérios arqueológicos e os objetos
impossíveis descobertos que a instigam, levando a uma conclusão
inesperada: a busca individual por raízes deveria ser a indagação
coletiva de toda a humanidade. Uma ponte para Istambul é também uma
ponte entre o Ocidente e o Oriente, passado e presente, verdade e
imaginação.
Redes sociais da autora: Instagram
Créditos das fotos: Maria Filomena Lepecki
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