Por que andamos tão agitados e aflitos?

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É fato que, ao menos no Brasil, país considerado por várias pesquisas o "campeão em ansiedade", todos nós andamos mais agitados e aflitos. Ok, temos a pandemia, as perdas, o medo. Ok, temos os graves problemas e as disputas políticas. Mas, ainda assim, andamos agitados e aflitos demais. Isso se chama a "Sociedade do Cansaço" (CHUL-HAN, 2019), e reflete o mal-estar da Pós-Modernidade (BAUMAN, 1998). Por isso, estamos adoecendo cada vez mais, mental e fisicamente, afinal, o emocional e psicológico está totalmente atrelado ao físico. 

Na Bíblia Sagrada, o melhor psicólogo que já existiu, na minha opinião, ainda há mais de 2.000 anos, chamou a atenção para o malefício e o desserviço da ansiedade, no livro de Lucas 10, versículo 41:

"O Senhor, porém, lhe respondeu: “MartaMartaTu te preocupas e andas agitada por muitas coisas." Ele disse: "Afinal, por que corres tanto? Por que não te acalmas? Por que não vives tua vida de uma forma mais serena e saudável, ainda que tenhas tuas muitas tarefas?".

Aí está outra questão: as muitas tarefas. Hoje, temos muitas tarefas e não ter é até depreciativo. É certo que temos muitas tarefas devido à concorrência profissional, amorosa, à dinâmica fugaz e acelerada da Pós-Modernidade. Estamos no olho do furacão, mas podemos não viver nele. 

Hoje, quero ser breve: atreva-se a dar mais tempo a si mesmo(a), sem remorso. Sem remorso, repito. E, se falarem "ele(a) nunca faz nada", que sofra com ansiedade, burnout (excesso de trabalho ou descontentamento com ele), depressão e doenças físicas advindas de quem não sabe parar, pensando-se já, mesmo sem perceber, uma máquina. Máquinas pifam.

Lembre-se de que somos seres espirituais, emocionais, sensíveis, em diferentes graus: precisamos de tempo para descansar, mesmo que seja não planejado quando não estivermos aguentando, precisamos de tempo para quem amamos, a vida é breve, e o que você vai levar não vai ser a velocidade, mas a direção das suas ações.

Dirija-se, em primeiro lugar, a você mesmo(a) e às pessoas que lhe são caras. Nunca sabemos quando será o último olhar, o último aperto de mão, o último sorriso, o último abraço, o último seriado, a última viagem, a última piada, a última conversa, o último livro, o último. Deixei minha falecida avó com o chimarrão na mão sorrindo no portão, prometendo voltar logo para outro "mate". Não houve este outro mate e eu nem pude me despedir.

Deixe marcas indeléveis dentro de quem você ama, dentro de pessoas que você nem sabem que o(a) amam e lhe querem bem. Elas vão se lembrar para sempre de você, muito mais como quem as amou do que como quem trabalhou muito e ganhou muito dinheiro, ou foi muito diligente em suas tarefas.

Permita-se apertar o botão do "slow motion" ou "mais devagar". Siga seu coração, ele vai apitar quando você precisar respirar.

Tenham um bom resto de semana!

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