Respire fundo! Descubra seu lugar no mundo

Fonte: Reprodução

Hoje, quase todas as pessoas (mesmo não adultas) vivem em uma correria, são hiperativas e hiperconectadas através da Internet a inúmeras informações, atividades e conteúdos em geral. As redes sociais "bombam", em especial no Brasil (o brasileiro adora um clique, não é?), tudo gira e não para, quem não está ocupado está sendo inútil. Entretanto, isso tudo tem gerado o que o filósofo sul-coreano Byiung-Chul Han (2019) chama de "a sociedade do cansaço", advinda da "sociedade da maximização". Neste contexto, precisamos falar sobre saúde - física e mental.

Um dos resultados da Era Digital e pós-capitalista é: mais e mais pessoas com depressão, baixa autoestima (ainda que disfarçada nas redes sociais), ansiedade, crises de pânico, mais suicídios, estresse, burnout (excesso de trabalho ou desgosto do trabalho que gera exaustão, algumas vezes irreversível) etc. Pessoas confusas, perdidas em personagens que criam nas redes e até offline, em tantas identidades disponíveis nas quais podem se inspirar, presas a dias com apenas 24 horas, a oportunidades que quase sempre são únicas, a atitudes que têm de ser tomadas agora ou "já passou", a cliques incessantes para tentar "viralizar" na Internet, filtros e retoques nas fotos e vídeos, que são a maquiagem digital, a necessidade de mostrar que se está vivendo e fazendo acontecer; enquanto, muitas vezes, na realidade não se vive nem se faz, apenas se deseja convencer os outros disso. O esgotamento, físico e mental, enfim, acaba tomando conta da pessoa atrás daquele sorriso perfeito no Instagram, tão admirada. 

Estes dias, tivemos o caso emblemático da protetora de animais Luísa Mell, que foi parar no hospital com convulsões e alegou "não suportar mais tanto estresse e tantas responsabilidades". Casos assim são muito comuns, embora nem todos recebam atendimento médico. Estaremos nos "crucificando" para ser múltiplos, eficientes ao máximo, estar entre os melhores e mais aplaudidos? Somos uma sociedade narcísica e, sim, doentia. Narciso, na lenda grega, morreu afogado admirando a própria imagem, além de ter renegado um grande amor em favor do seu solitário eu.

Quero convidar você a fazer como Almir Sater escreveu em sua música "Tocando em frente": ir mais devagar, já que, provavelmente, anda com pressa e angústia. Valorizar mais as pequenas coisas, os momentos não captados pelo smartphone ou câmera, a natureza, as pessoas de carne e osso - apesar dos cuidados ainda necessários na pandemia, que não acabou. Quero convidar você a viver, e não a editar uma vida a ser observada. Quero convidar você a ser alguém de verdade, a não ter tanta necessidade de competir com os outros, senão com si mesmo(a) para ser sua melhor versão. 

Estamos todos meio perdidos, é Covid, hepatite misteriosa da Covid em bebês e crianças, varíola do macaco em dezenas de países, que já contaminaram oficialmente um brasileiro na Europa, é a crise econômica, política, ética, são a inveja e o ódio, a falta de compreensão, mesmo em algumas tentativas de representatividade social - o "ódio que combate o ódio". 

Então, pare um pouco, desacelere. 

Sem deixar, é claro, de cumprir suas obrigações e galgar os degraus até seus sonhos. Mas, sabe, se tiver de parar um tempo, pare! A direção é mais importante que a velocidade, já disse... acho que Clarice Lispector? Não se faça mal, física e mentalmente, por seu trabalho, por outras pessoas, opiniões, discórdias, competição. Feche os olhos, tenha sempre um tempo para você e seus amados. 

Não significa parar no meio da corrida, e é inevitável que as coisas hoje acontecem e têm de acontecer rápido, estou falando em refletir sobre a sua vida, o que e quem é mais importante, quem você é, aonde quer chegar, seu lugar no mundo. Com calma, parcimônia, perdão a si mesmo(a) e aos outros, ao seu passado, ao próprio mundo. 

Respire fundo! Quantas vezes for necessário, e sinta a vida e a paz dentro de você! Sinta-se!

Bom fim de semana!

 

Comentários