O Desenvolvimento Econômico que Mata


Fonte: Divulgação


*Publicado no Jornal da Manhã

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

Tal situação vem se tornando ainda mais alarmante nos últimos tempos, desde que o Ministério da Agricultura liberou, em julho de 2019, mais 51 agrotóxicos no mercado nacional. Desses, 44 contêm ativos já autorizados, sete são elementos formulados, seis inseticidas e 1 herbicida.

É claro que estes compostos têm seu valor. Inseticidas, por exemplo, são muito úteis para melhorar resultados no agronegócio, que é uma das bases da economia brasileira: eles controlam pragas em grãos e frutas, o que aumenta a produção e a qualidade dos derivados da agricultura para consumo nacional e internacional.

Porém, quanto vale o desenvolvimento econômico? O Greenpeace avaliou que, desde o início do governo Bolsonaro, 290 substâncias foram liberadas para a agricultura. É alarmante: 32% delas são proibidas em toda a União Europeia. Por que nós, então, estamos consumindo aqui esses venenos cancerígenos, cuja totalidade de efeitos nocivos ainda estamos longe de conhecer?

Mas a explosão de agrotóxicos não se restringe a 2019: em 2018, 229 produtos tóxicos foram liberados de janeiro a julho, e, em 2017, 195 só no primeiro semestre, chegando a 405 no final do ano.

Alguns esforços têm sido realizados, como pela Anvisa, em processo de criação de um novo marco regulatório para avaliação de agrotóxicos. Por outro lado, especialistas têm defendido que o desafio da agricultura é gerar alimentos nutritivos, de baixo custo e sustentáveis, através da tecnologia. Seria a agricultura 4.0, resultante da mescla entre desenvolvimento e meio ambiente.

Fica a pergunta: o desenvolvimento econômico tem de matar pessoas? Vale tudo pela produtividade? O que você coloca dentro do seu prato? Em relação aos orgânicos, calcula-se que mesmo estes costumam conter cerca de 30% de agrotóxicos. Os veganos, em especial, como ficam?

Queremos desenvolvimento econômico, queremos uma agroindústria cada vez mais eficiente e desenvolvida, mas queremos, acima de tudo, garantir nossa saúde. Que a implantação da agricultura sustentável se torne cada vez mais realidade, levando em conta tanto a qualidade de vida quanto a produtividade.

Enquanto lucrar for o maior objetivo dos produtores, viveremos sob a sombra da ameaça dos venenos da indústria. 

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