Precisamos conversar sobre o que querem os idosos

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Por Syomara Cristina

O mês de outubro marcou o Dia Mundial do Idoso. Uma parte da população que coleciona experiências e aprendizados, e é alicerce de inúmeras famílias. Além disso, um grupo populacional que vem crescendo exponencialmente no país. Em 10 anos, saltou de 11,3% para mais de 15% da população em 2022, conforme mostra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

E, diante deste cenário, comumente vemos a discussão sobre os cuidados com essa parcela da população surgir nos mais variados núcleos familiares. Quem irá cuidar de um pai ou de uma mãe? Será preciso contratar cuidador? Quem será o responsável?

É aí que proponho uma reflexão. Antes de tentar responder a estas perguntas, você já parou para pensar no que o idoso realmente quer? Acredito que a maior parte das respostas será não. Por isso, afirmo: precisamos conversar sobre o que querem os idosos!

Casas de repouso viraram tabus, mas eu, enquanto terapeuta ocupacional, afirmo que uma instituição com boa estrutura representa muitas vezes a melhor opção para o idoso. Lá, é possível ter equipes multidisciplinares para prestar assistência, mais segurança para evitar acidentes domésticos e até mesmo fugas (afinal, a independência quando nos apetece, permanece conosco), além de um ambiente que permite interação social e pessoas preparadas para lidar com limitações da idade.

Mas, é preciso ser criterioso e encontrar um local adequado. Um lar de repouso não é um depósito humano.

Digo isso porque, embora muitos filhos e filhas se sintam responsáveis pelos cuidados de seus pais, assumir essa tarefa para si representa uma série de consequências. Cansaço, exaustão, às vezes conflitos familiares. E nem sempre é isso que pais desejam para os seus entes queridos.

Uma casa de repouso não é a única opção. Cuidadores estão aí como possibilidade, mas precisam ter um acordo bem definido entre os familiares. Assim como morar sozinho e se virar enquanto for possível ou, ainda, as instituições diárias, onde também pode ter atenção dedicada durante os horários em que os demais familiares estão em afazeres do cotidiano.

De todas as formas, o ponto principal deve ser ouvir, antes de tudo, o que deseja um idoso para seu futuro. Essa é uma parte fundamental para garantir mais saúde, autonomia e mais qualidade de vida em uma faixa etária tão admirável.

Na Terapia Ocupacional, temos a preocupação constante sobre o círculo onde está inserido o paciente. Afinal, os resultados nunca passam por apenas uma única pessoa, mas também por seus familiares e amigos queridos. O mesmo vale para a vida.

* Syomara Cristina é terapeuta ocupacional há mais de 30 anos e atende pacientes da terceira idade.

* Syomara Cristina Szmidziuk - atua há 33 anos como terapeuta ocupacional e tem experiência no tratamento em reabilitação dos membros superiores em pacientes com lesões neuromotoras. Faz atendimentos com  terapia infantil e juvenil,  adultos e terceira idade. Desenvolve trabalhos com os métodos Bobath, Baby Course Reabilitação Neurocognitiva Perfetti, Reabilitação de Membro Superior-Terapia da Mão, Terapia Contenção Induzida (TCI) e Imagética Motora entre outros.

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