Conheça Eduardo Lima: o artista que era frentista e hoje tem obras no Louvre

 

Eduardo Lima e suas obras de arte. Imagem: Wikipédia.

O Brasil, historicamente, não é um país que costuma destinar muitos recursos - o mínimo - a artistas desconhecidos ou desprovidos de condições financeiras. Porém, algumas histórias de superação nos deixam sonhar. Como a do artista plástico baiano Eduardo Lima: viralizou, recentemente, o vídeo em que ele se emociona ao ver suas obras expostas, pela primeira vez, no Carrossel do Louvre, anexo ao célebre Museu do Louvre, em Paris, na França. 

Mas o que chama mais atenção, além do talento nato de Eduardo, é sua história de superação.

Eduardo Lima da Cruz nasceu na cidade de Capim Grosso, no sertão da Bahia, em 1977. Filho de um oleiro e de uma cozinheira, parecia não ter muitas perspectivas de vida. No entanto, acabou por se tornar artista autodidata e mundialmente reconhecido - sem nenhum patrocínio. Desde os 8 anos de idade, seu talento para as artes despertava curiosidade e admiração dos professores na escola; ajudou-o o fato de poder acompanhar os trabalhos do pai na olaria, escuplindo rostos com argila e outras peças.

Aos 18 anos de idade, Eduardo era frentista. Sua primeira obra veio aos 20 anos: tímido, não gostava de aparecer, assim como de mostrar suas criações. No entanto, a esposa, Aparecida Cruz, decidiu um dia colocar o quadro para decorar sua pequena loja. O que, de imediato, "fisgou" alguns enlevados clientes. A obra foi, então, vendida.

Dali para frente, Eduardo aos poucos ia decidindo deixar seu trabalho como frentista e viver do retorno financeiro que lhe trazia o talento arístico - retorno esse que crescia de forma exponencial. Mas não pense que foi fácil: ele levou 9 anos até largar totalmente o emprego formal e se dedicar totalmente às artes. Em 2006, foi com a família para Barreiras, oeste baiano, a fim de ampliar suas vendas. Teve um início ainda difícil por lá, comercializando pinturas em praças públicas e de porta em porta. Até que resolveu, de vez, investir na divulgação pela Internet. Isso mudaria sua vida.

A página do artista no Facebook, a princípio, teve pouco retorno. Tudo sempre era difícil para ele, mas não perdia as esperanças. Em 2020, já contava com mais de 50 mil seguidores no Instagram e 30 mil no Twitter, atual X. Hoje, Eduardo Lima tem no currículo trabalhos exportados para mais de 30 países, com alguns consumidores famosos de suas obras. E, é claro, obras à mostra no Carrossel do Louvre! 

As criações de Eduardo Lima foram majoritariamente compostas em sua casa no sertão da Bahia, e têm como temas principais brincadeiras infantis de sua região, com predomínio de cores vivas e formas inusitadas, um tanto desconstruídas, sobretudo únicas.

Pessoas como Eduardo nos fazem ter fé. E perceber que o caminho não é fácil - principalmente quando não se tem "berço", conhecimento acadêmico e ajuda financeira externa; ou quando se nasce em uma das regiões mais pobres e famintas do Brasil, o sertão da Bahia. Só que difícil não significa impossível. E resiliência e persistência, aliadas ao talento, fazem tudo se tornar viável.

Eduardo Lima é orgulho para nós, brasileiros. É exemplo para o mundo. Eduardo, que já havia exposto na Suíça, Itália e outros países, realizou seu sonho de ser "recebido" pelo Louvre, na França, com honras. Como não se emocionar? São tempos difíceis para os sonhadores, é verdade - mas eles não devem parar de sonhar, a despeito de todas as probabilidades contrárias e críticas que certamente virão (quem muito critica, pouco faz). Conheça aqui o trabalho de Eduardo Lima, cujas obras estão à venda on-line, sempre com a "assinatura" do sertão que o fez ser quem é.


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