Por que o Bem me Care trata a família e não o doente?

Cláudia Barroso - Foto de Leandro Taccilo de Novaes Alves

Somos educados a cuidar muito mais dos outros do que de nós mesmos. Essa realidade pode ser um dilema para famílias com um ente acometido por uma doença ou uma condição grave: muitas vezes, esquecemos de tudo para oferecer bem-estar a quem amamos, e as consequências podem ser desastrosas. Exatamente por isso o Bem me Care, programa emergencial com base psicanalítica, existe para tratar a família e não o doente.

Sempre que alguém recebe um diagnóstico médico difícil, geralmente é dado por um médico ou uma junta médica que já está encarregada dos cuidados daquele paciente. Nesse panorama, quem fica sem apoio e, na maioria das vezes, sem saber como agir, é a família, que está envolvida emocionalmente e de forma prática na questão. Daí a necessidade de se ter um atendimento emergencial para quem está em torno do adoentado.

“Temos como premissa, na nossa sociedade, focar todos os nossos esforços de cuidados no paciente. Somos uma sociedade que cuida”, explica Cláudia Barroso psicanalista e fundadora do Bem me Care, que oferece atendimento psicológico emergencial para famílias que estão passando por esse tipo de situação.

É errado colocar toda atenção no paciente? “Não é errado ter essa inclinação”, explica Cláudia, “ela é natural do ser humano e, como mencionei acima, da nossa sociedade. O que não está totalmente certo é esquecer que há outras pessoas envolvidas naquela situação e que também precisam de cuidado, inclusive para se prepararem para as mudanças que a nova condição trará”.

A saúde emocional de todos os envolvidos precisa ser levada em conta, ou as consequências podem ser desastrosas: “quem cuida pode adoecer, também”, lembra Cláudia. “Pode desenvolver culpa, angústia, ansiedade”, explica Cláudia, “e é uma realidade que precisa ser observada, mesmo ainda sendo um tabu”. Quem cuida precisa ser cuidado, também. E, muitas vezes, esse processo é esquecido em meio a tantas obrigações com quem está doente”.

O Bem me Care desmistifica o fato de que só o familiar adoentado precisa de cuidados. “Cuidar de todos ajuda a fazer os ajustes necessários para que o processo, mesmo doloroso, possa ser realizado com mais tranquilidade e com foco não apenas na doença em si, mas na manutenção do equilíbrio emocional da família como um todo”, finaliza a psicanalista.

Sobre o Bem me Care

O Bem me Care consiste em um tratamento emergencial de método psicanalítico, para familiares de um paciente que acaba de receber um diagnóstico médico que altera drasticamente seu futuro. O programa atua para mobilizar a família diante do impacto causado, estabelecendo um novo equilíbrio e a fortalecendo para enfrentamento da doença. Há 10 anos, o programa já ajudou dezenas de famílias a se organizarem diante de situações impactantes e que necessitam de um novo olhar sobre quem adoece e sobre si mesmo.

Sobre Cláudia Barroso

Cláudia Barroso é Psicóloga Clínica formada pela Fundação Mineira de Educação e Cultura – FUMEC, com especialização em Psicoterapia Breve Psicanalítica pelo Instituto Sedes Sapientiae e Psicoterapia de Casal e Família. É Terapeuta Sexual, formada pelo Isexp e Psicanalista formada através de processo particular. Além de fundadora e idealizadora do projeto Bem me Care e co-autora do livro “O impacto da má notícia médica na família. Uma visão psicanalítica”, é também gestora do Falhei & Disse - Reflexões Psicanalíticas com Entretenimento. Hoje atende crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias em seu consultório em São Paulo, atuando também de forma on-line.

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